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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

“NÃO HÁ VAGAS!”

Grupo “Além do Mito...”

Aqui, na Universidade Federal de Alagoas, estamos vivendo um problema que não vem recebendo merecida atenção muito devido à conjuntura defensiva em que os movimentos combativos se encontram, refletindo diretamente no movimento estudantil e deixando certas questões a mercê de um onda silenciosa...



Vivemos a realidade de um Restaurante Universitário (R.U) extremamente limitado, oferecendo apenas 1000 vagas para comensais dentro de uma comunidade estudantil que supera os 18 mil discentes e que tende a crescer a cada ano, principalmente depois da aprovação do pacote de projetos de desmonte da educação superior do governo Lula (REUni, Novo ENEM, etc.) pela gestão de nossa universidade.



Neste ano, houve uma grande entrada de turmas no segundo semestre, acrescentando mais de 1500 novos estudantes à UFAL, contudo foi publicizado que o R.U. abria uma quantia absurdamente pequena de apenas 112 vagas. Dentre esses novos estudantes, apenas 7,2% terão chance de serem comensais no Restaurante Universitário.



Diante desse quadro, se faz necessária uma pergunta: por que os estudantes estão coniventes ao brutal ferimento à assistência estudantil? Acontece que os estudantes estão tão acostumados a “não ter” que se contentam quando recebem o mínimo dentro dos direitos que merecem, desconhecendo também seu potencial de conquistas em consequência de mobilizações organizadas!



O “Além do Mito...” fez um apanhado dos R.U.s em instituições federais e estaduais do Brasil todo, comprovando a mediocridade do nosso restaurante. Tais dados podem ser encontrados espalhados por cartazes pela instituição e em nosso blog. Além disso, ao analisar essa denuncia mais a fundo, há uma questão assombrosa relativa à acordos jurídicos feitos pela reitoria pós ocupação de 2007, que não foram cumpridos, tais como o compromisso por amadurecer um projeto “RU PARA TODOS”. Cabe aqui o Importante destaque da compreensão do papel de grupos estudantis na cobrança dos frutos de tais acordos não levados ao fim!



Semestre passado a Reitoria anunciou um novo restaurante a ser construído em 2011, também restrito, mas desta vez pra 2.000 refeições. Mas ainda não se sabe o quão universitário será. Nós estudantes devemos nos organizar para garantir que este restaurante seja realmente universitário, para que toda a Comunidade Universitária possa usufruir do mesmo sem limitações!



É por essas razões que trazemos a cabo a denuncia do que vem sendo vivenciado no Restaurante Universitário, no dia-a-dia dos estudantes da Universidade Federal de Alagoas: “NÃO HÁ VAGAS!”.



Sim, nós sabemos que hoje “NÃO HÁ VAGAS”, contudo não aceitemos que nos privem de mais um direito básico estudantil! Vamos abrir a boca para garantir nossos direitos e continuaremos nossa luta mesmo quando estivermos de boca cheia!

Chamamos todos os estudantes a participarem dessa luta!

Primeira reunião da campanha nesta quinta-feira (23/09/10), às 17h, na praça ao lado do Restaurante Universitário!



POR UM R.U. PARA TODOS!!!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Balanço do grupo além do mito sobre a campanha do plebiscito popular pelo limite da propriedade de terra

A campanha nacional do plebiscito popular pelo limite da propriedade de terra, organizada pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, que congrega importantes entidades como a CNBB (conferência nacional dos bispos do Brasil) e a OAB (ordem dos advogados do Brasil) dentre outras, terminou neste domingo dia 12 de setembro na maior parte dos Estados do País. Por entender a importância de tal campanha o Grupo Além do Mito se dedicou a construir a mesma em diversas localidades da cidade de Maceió e dentro da UFAL participando deste que foi sem sombra de dúvidas um momento importante na luta pela terra em nosso país.

Entendemos no debate do plebiscito a possibilidade de recolocar a discussão da reforma agrária em nosso país para a população, o tema há muito se encontrava perdido ou tratado de forma pejorativa pela mídia. A campanha consistiu em um plebiscito com duas perguntas e um abaixo assinado cuja intenção seria propor ao congresso nacional um inciso na constituição limitando o tamanho máximo da propriedade de terras para 35 módulos fiscais (valor que próximo as cidades equivaleria a 175 hectares e próximo da região amazônica a 3.500 hectares).


Avaliamos tal proposta como obviamente uma proposta limitada, haja visto que uma propriedade média equivaleria a 15 módulos fiscais, ficando a posse de grandes propriedades ainda plenamente assegurada, e principalmente por esbarrar nos claros limites do Estado democrático de Direito, não tendo um horizonte para além disso. No entanto, é perfeitamente razoável a proposta na atual conjuntura defensiva em que se encontram os movimentos sociais e pautas como a luta dos trabalhadores sem terra encontram-se totalmente distante das massas. O maior ganho da campanha foi levar para a juventude e para os trabalhadores do Brasil a necessidade de repararmos esse erro histórico de nosso país, reavivar esse importante debate no seio de nosso povo.


O PLEBISCITO EM MACEIÓ

Por ser a única cidade em que atuamos, o grupo além do mito concentrou seus esforços na cidade de Maceió, ficando , portanto impossibilitado da nossa parte fazer qualquer avaliação sobre a repercussão do plebiscito no interior do Estado. Apesar de nossas debilidades, fizemos o possível para garantir todas as urnas que nos predispusemos: estivemos presentes no centro da cidade, na missa da padroeira da cidade, no grito dos excluídos e dentro do Campus A.C Simões da UFAL, construindo ombro a ombro com os companheiros da CPT e do MST esta importante tarefa.


Reiteramos que apesar dos erros e das debilidades estruturais do grupo nos esforçamos ao máximo, entendemos que a desorganização de alguns movimentos que estavam construindo a campanha (do qual o além do mito é um exemplo) são reflexo desse momento defensivo que vivemos, difícil para todos aqueles que constroem movimentos de resistência e de enfrentamento contra a burguesia.


Não podemos deixar de lamentar, porém, a ausência que se fez notar da parte de muitos sindicatos e partidos que outrora estiveram presentes em lutas como esta que foi travada no estado: a burocracia sindical, como muitos dos sindicatos ligados a CUT, que em muito pouco ou nada contribuíram na construção do plebiscito, isolou completamente muitos setores do movimento, enquanto que alguns giraram todas as suas forças para as eleições e esqueceram que a organização popular tem que ser feita de baixo. O plebiscito popular provou concretamente que os trabalhadores da cidade de Maceió encontram-se praticamente sem organizações políticas a seu serviço, a exceção da já mencionada pastoral da terra, do MST e outros movimentos do campo e importantes companheiros como o grupo “resistência popular”.


No que concerne ao movimento estudantil, lamentamos profundamente a ausência dos companheiros da ANEL na construção da campanha aqui no Estado, exceto por uma única urna na UNCISAL que mesmo assim ficou muito pouco tempo. Diferente do que aconteceu na UFAL, onde a unidade entre os grupos Além do Mito e Correnteza foi deveras importante e fortaleceu em muito a construção do movimento nesse ato. Nossa avaliação é que a nova configuração do DCE, através da proporcionalidade entre as correntes proporciona a possibilidade de que as forças atuem em conjunto e construam uma plataforma comum, diferente do que vinha acontecendo em que havia um isolamento claro das correntes do movimento, mesmo com determinadas concepções táticas muito semelhantes. Apesar de problemas ainda persistirem, principalmente em relação à falta de comunicação entre os próprios diretores da gestão, fica o exemplo de que a unidade de atuação pode ser construída e ser bem sucedida.


Por fim, fica a sensação de que muito ainda precisa ser reconstruído em Alagoas no que concerne a luta do povo. O além do mito espera contribuir com os importantes setores que estiveram a frente da campanha e se coloca a disposição para, na medida do possível ajudar a travar importantes batalhas como essa.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Nota sobre o aumento das passagens

Nota do grupo “Além do Mito...” sobre o aumento das passagens


O aumento do valor das passagens do transporte público na cidade de Maceió já se tornou algo tão corriqueiro que pode passar a ser incluído em nossos calendários. Toda primeira semana de janeiro somos presenteados por nossos governantes com aumentos abusivos que são, via de regra, muito mal combatidos pelos movimentos sociais do município.

No entanto, o início do ano de 2010 representou uma novidade, qual seja, o famigerado aumento anunciado para os primeiros dias do ano foi adiado pelo prefeito Cícero Almeida para o final do primeiro semestre. Adiamento este que representa interesses políticos, não preocupações com a sociedade alagoana.

Tão corriqueiro quanto os abusivos aumentos anuais são as ações perpetradas para se “combater” tais aumentos. É fato que as datas em que são marcados estes reajustes pegam desprevenidos os movimentos sociais e dificultam a resposta imediata de tais grupos perante os abusos da prefeitura. Contudo, por vezes, este argumento é colocado como causa mor, ocultando o que representa, ao nosso ver, uma das causas determinantes da esterilidade dos enfrentamentos passados: o praticismo em que está imerso o movimento, impossibilitando tanto uma articulação orgânica prévia aos aumentos quanto a manutenção de um debate posterior a estes. E como que fechando o círculo, esse praticismo acaba dificultando uma análise mais aprofundada e detida das copiosas derrotas sofridas em manifestações anteriores.

Junto a isso, enxergamos como dificuldade central o fato de que as mobilizações se dão sem uma necessária discussão com a base. Parte-se do ponto de que é necessário organizar um ato e então se viabilizam, minimamente, as condições para que o mesmo ocorra. Os comitês contra o aumento das passagens formados até então não discutem formas de como dialogar com a população, como discutir de forma efetiva com os trabalhadores a questão e como publicizar melhor o próprio comitê e sua pauta para que outras forças se somem e consolidem a manifestação como uma luta comum e em prol da sociedade. Então, de forma extremamente imediatista, forças políticas se aglomeram em torno de um comitê ineficiente após o aumento já ter ocorrido ou então às vésperas do mesmo ocorrer, na maior parte das vezes contando com a participação hegemônica de entidades estudantis e escassa participação de sindicatos e outras entidades representativas. Como conseqüência os espaços de atuação acabam se tornando locais privilegiados para a pura divulgação de partidos e organizações políticas que acabam por colocar seus interesses à frente dos interesses do movimento, esvaziando a preocupação com o transporte público de suas falas.

Nos últimos comitês que participamos constatamos todos esses problemas que, verdadeiramente, emperram qualquer processo de luta efetiva e nos propusemos a levar a discussão para a população e agir de forma mais conseqüente - proposta compartilhada inclusive com organizações minoritárias dentro do último comitê. Contudo, o que ocorreu foi um esvaziamento dos comitês por parte das forças políticas que os compunham.

Esse ano, como já mencionamos, contamos com o diferencial do adiamento da alteração do valor das passagens, o que - se não modifica em nada o caráter da administração pública e dos empresários de Maceió, preocupados unicamente com o lucro de suas empresas - dá ao mesmo tempo àqueles que se opõem aos abusos no transporte público uma grande oportunidade para uma organização mais concisa e mais possibilitada a frear os interesses da máfia dos transportes.

Vemos então a necessidade urgente de se convocar um novo comitê, em marcos diferenciados do que os que vinham se dando anteriormente, chamando à luta todos aqueles que não agüentam mais os aumentos ultrajantes e os ataques dos monopolizadores do transporte público. Reconhecemos a flagrante necessidade dele se pautar pelo intenso debate entre os grupos que o comporá e destes com o restante da população, no sentido de um efetivo trabalho de base, para que, aí sim, a população possa se reconhecer nesse movimento e passar a construí-lo. Não podemos recair no erro de transmitir a aparência de um movimento unicamente estudantil. A luta contra as intempéries da administração pública deve ser travada por todos os setores populares, vítimas dos abusos e arbitrariedades do Estado. Vislumbramos, portanto, a necessidade de uma unidade dos movimentos estudantil e dos trabalhadores em geral, que possa excluir a vaidade das forças políticas que nela se aglutinem, com fins de viabilizar a formação de um conseqüente processo de lutas. Pugnamos um movimento de resistência e não meramente um movimento de exceção.

O adiamento da sanção por parte do chefe do executivo municipal fornece aos movimentos sociais um elemento objetivo de extrema importância. Agora temos meses para travar o diálogo e preparar as forças para barrar o aumento. Porém, ressaltamos, esse diálogo deverá responder às reais necessidades do momento histórico. Uma das grandes características do praticismo supra-referido é a incapacidade de leitura e compreensão da processualidade do real e a conseqüente falha na escolha dos instrumentos de luta. Por isso, entendemos que o desenvolvimento desse diálogo e desse trabalho de base é que devem sustentar um comitê, definindo sua organização e atuação. Os instrumentos de luta nascem a partir do efetivo movimento das massas, porque se assim não for, corre-se o risco de apoiar-se no vazio.

Consideramos algumas atividades como concretização necessária de nossas propostas, tais como: o permanente estudo sobre a realidade do transporte público em nossa capital, bem como a comparação com a realidade de outras cidades; a realização de espaços de discussão nas universidades, escolas, sindicatos, associação de bairro, tais como seminários, grupos de trabalho e exibição de documentários. Além de panfletagem nos coletivos e pontos de ônibus como forma de despertar o debate na população em geral, usuários desse meio de transporte.

Nesta linha, convocamos todas as organizações, forças políticas, grupos e indivíduos que estejam dispostos a firmar um compromisso com a luta conseqüente e determinada na defesa dos interesses das classes exploradas para estarem dia 9 de fevereiro, às 14h, na Residência Universitária Alagoana para realizarmos nossa primeira reunião enquanto frente de luta contra o aumento das passagens, debatendo quais passos daremos no caminho da resistência a tais abusos.

Grupo Além do Mito