Maceió, setembro
de 2012
A educação
pública superior do Brasil passa por um momento difícil. A reforma
universitária em curso começou na era FHC, teve seu aprofundamento com o
governo Lula e, agora, segue seu percurso com Dilma.
Tal reforma
atende, em linhas gerais, as demandas do setor privado com um duplo caráter:
por um lado, temos a necessidade de crescimento das redes particulares de
ensino, as quais o governo financia através do PROUNI e FIES. Por outro, o
governo precariza as poucas universidades públicas por meio de uma expansão
irresponsável de novos Campi e ausência de investimentos suficientes para
atender as demandas dos já existentes.
Essa política pode ser verificada em nosso dia a
dia na UFAL. Os problemas se espalham por todos os lados: a expansão, tanto
alardeada pela reitoria, se mostra com uma greve de 5 meses no Campus Arapiraca
por parte da comunidade acadêmica cobrando condições básicas de ensino; em
Delmiro Gouveia, o Campus só foi entregue depois de uma greve de 3 meses e após
3 anos de existência da UFAL no sertão.
Em Maceió,
aumenta-se o número de estudantes sem que se aumente paralelamente e
proporcionalmente o número de professores, funcionários e estrutura física das
instalações. Restando à comunidade a disputa por salas, remanejamento de turmas
por toda a UFAL, várias turmas tendo aulas ao mesmo tempo com um único
professor, estudantes cumprindo funções de técnicos administrativos (sob o
disfarce de bolsas de ajuda de custo), entre vários outros fatores.
Nessa situação,
faz-se cada vez mais urgente e necessária a intervenção dos setores da academia
que não coadunam com esse projeto de educação que está em curso por todo o país
e que, aqui, se revela de maneira mais nítida, uma vez que a UFAL carrega
consigo os traços sócio históricos do Estado de Alagoas, marcado profundamente
pelas disparidades sociais, coronelismos, concentração de renda e poder.
Nesse sentido,
nós estudantes temos um papel fundamental na universidade. Além de estudarmos,
não podemos assistir o desmonte que vem sendo executado pela reitoria e governo
federal à educação. É por isso que deve existir o movimento estudantil.
Organizados nos centros e diretórios acadêmicos, podemos ter mais força em
nossas reivindicações. Neste contexto, o DCE tem um importante papel para
UNIFICAR as demandas dos estudantes a fim de juntos termos melhores condições
para lutar por nossos direitos.
Infelizmente,
não verificamos esse papel sendo cumprido pela atual gestão do DCE Quilombo dos
Palmares.
A Correnteza vem
ao longo desses dois últimos anos cumprindo o papel de desagregar todas as
demandas estudantis. O desrespeito aos espaços de discussão e deliberação dos
Centros e Diretórios Acadêmicos é a tônica de suas ações. Há um ano que não
ocorre Conselho de Entidades de Base. O papel que este grupo jogou nas últimas
eleições para o DCE e o papel que cumpriu durante a greve foi de desrespeito a
instituição democrática e as instâncias colegiadas de decisão do movimento, tal
como o Comando de Mobilização Estudantil. Além dessas questões, o desempenho
político da Correnteza foi, apesar da aparência, de total atrelamento aos
gabinetes da reitoria.
Estas posturas
das atuais gestões do DCE e as situações da educação que estamos passando nos
colocam na obrigação de nos envolvermos ainda mais na luta pela educação
pública e de unificarmos os setores dos estudantes que não concordam com as
práticas da Correnteza.
Assim,
precisamos não apenas negar as políticas precarizantes da educação, mas
principalmente afirmar um projeto próprio de educação. Acreditamos que há
importante potencial de convergência entre grande parte dos estudantes nesse
projeto para a UFAL. Acreditamos que as lutas que emergem cada dia mais claramente
no seio da universidade trouxeram experiência ao movimento estudantil
combativo, a qual deve ser empregada na unidade do movimento em torno de um
programa mínimo e comum e de lutas reais dos estudantes da UFAL e dos
trabalhadores que pagam para que possamos estudar aqui.
Chamamos à
construção da unidade em torno de propostas comuns aos atores de esquerda do
movimento estudantil da UFAL. Com isso não desejamos negar nossas divergências,
mas afirmar, acima de tudo, que temos mais convergências do que divergências.
Convidamos, então, a ANEL, os militantes independentes, coletivos e estudantes
em geral da UFAL para a construção de propostas para uma chapa de unidade da
esquerda para disputar as eleições para o DCE Quilombo dos Palmares – UFAL.
Saudações,
União
da Juventude Comunista
e
Grupo
Além do Mito...
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