PIADA DE SALÃO: FALTA PROFESSOR DEPOIS DA EXPANSÃO!
Na quinta feira, 16 de abril, os estudantes da Universidade Federal de Alagoas de diversos cursos, protagonizaram um ato em defesa da qualidade da educação pública. Organizada pelo Diretório Central dos Estudantes Quilombo dos Palmares, o DCE-UFAL, a manifestação teve início às 16h no Restaurante Universitário, fez uma volta pelo campus e encerrou-se no gabinete da reitora Ana Dayse. Os estudantes exigiram a presença da reitora recusando-se a se retirar da Reitoria sem que fosse entregue uma carta, elaborada pelo DCE e pelos CA’s e DA’s da UFAL, onde era relatada a situação caótica em que se encontra a Universidade.
Inicialmente, a reitora recusou-se a ir até os estudantes solicitando que fosse formada, pelo DCE, uma comissão de negociação com um número reduzido de alunos para dialogar com a administração da Universidade. Os manifestantes, inclusive os que fazem parte da coordenação do Diretório Central, recusaram a proposta e exigiram um diálogo direto com Ana Dayse, que se viu forçada a atender esta demanda, deixando de lado reunião na qual discutia a pauta do vestibular unificado com os diretores das Unidades Acadêmicas da UFAL.
A carta entregue pelos estudantes aborda uma gama vasta de questões. Todas elas, no entanto, estão centralmente ligadas às questões de estrutura da UFAL. Após a política de expansão que vem sendo implementada pela Reitoria e pelo Governo Lula, iniciada com a expansão da Universidade para o interior de Alagoas e, mais recentemente, com o ReUni, a qualidade da instituição tem sido severamente negligenciada. Os problemas estruturais históricos como a falta de salas de aulas e laboratórios devidamente equipados, a insuficiência do acervo das bibliotecas e a Assistência Estudantil defeituosa foram aprofundados com o ingresso de novos estudantes sem o devido acompanhamento estrutural da Universidade. O quadro que se forma hoje é a da falta de professores para a execução do mínimo da vida acadêmica: o oferecimento de aulas. Os que restam, encontram-se bastante sobrecarregados, dando conta de várias turmas de cursos distintos. Há casos de professores que orientam até 20 (vinte) Trabalhos de Conclusão de Curso, o que, obviamente, força para baixo a qualidade da produção científica da UFAL. Desta maneira, pesquisa e extensão são sonhos longínquos para os alunos da Universidade. Todos estes casos agravam-se no tocante ao campus Arapiraca e seus pólos.
A mobilização organizada pelo DCE não foi a primeira a ser realizada com esta pauta. Anteriormente, os estudantes de Comunicação Social e Geografia já haviam realizado atos em protesto com as condições de estudo de seus cursos. Os estudantes de História realizaram um abaixo-assinado no qual exigiam melhorias para a licenciatura e o bacharelado. Na Filosofia e nas Ciências Sociais vinham-se construindo assembléias freqüentes para a discussão do tema. Em Farmácia há tempos as aulas laboratoriais haviam sido paralisadas por falta de materiais e equipamentos. O ato puxado pelo DCE teve, então, a função de dar respostas a estas iniciativas e de unificar as lutas setorializadas que vinham acontecendo, chamando a atenção para o fato de que os problemas repetem-se pela Universidade como um todo.
A avaliação que o Grupo Além do Mito... faz do ato é a de que ele cumpriu sua função principal. O DCE conseguiu dialogar com os estudantes que tomaram parte da manifestação que os problemas concretos enfrentados por eles advêm da política de expansão sem qualidade à qual a UFAL tem sido submetida. No entanto, apesar deste aspecto positivo, a mobilização para a ação demonstrou-se defeituosa. Com uma pauta tão concreta e que afeta diretamente o cotidiano estudantil, esperou-se que mais pessoas agregassem-se ao movimento. O ato foi, contudo, reduzido, agregando, em sua maioria, membros de CA’s, DA’s e do próprio DCE.
Este não pode ser o último passo do movimento. Vivemos um momento em que a luta por qualidade na educação parece se mesclar diretamente com o cotidiano concreto da sala de aula. Os interesses imediatos dos estudantes estão sendo atacados num momento em que a Universidade é expandida sob um discurso democratizante falseador (proferido por Ana Dayse e Lula) que, ao mesmo tempo em que abre mais vagas na UFAL, o que é positivo, reduz pela metade a verba destinada à Assistência Estudantil por conta da crise econômica, deixando os alunos à própria sorte.
A Reitoria enviará uma explicação à carta entregue pelo Movimento Estudantil dentro de 15 (quinze) dias. A função do DCE, neste momento, deve ser a de organizar a resposta dos estudantes às razões apresentadas por Ana Dayse. Estas respostas devem partir, invariavelmente, daqueles que estão sofrendo na pele os problemas trazidos pela expansão irresponsável levada a cabo pelo Governo e pela Reitoria: o próprio corpo discente. Para tanto, é necessária a convocação de uma Assembléia Geral dos Estudantes na qual devem ser apresentadas as perspectivas da administração da UFAL e discutidos os próximos passos do Movimento.
Nossa resistência à precarização da Universidade deve estar plantada em cada sala de aula, em cada corredor, em cada pátio da UFAL. É necessário que os estudantes sejam os sujeitos desta luta. O DCE e os CA’s/DA’s são nossos pontos de apoio e organização privilegiados e indispensáveis, mas não os protagonistas deste enfrentamento. Para conquistarmos esta vitória precisaremos da formulação direta e organizada do corpo estudantil. Portanto, devemos ampliar os espaços de discussão destas mobilizações e não aceitar, de forma alguma, negociações feitas através de comissões ou quaisquer outros tipos de proposta que tornem enviesado este processo de luta direta.
Universidade: queremos de verdade!
Maceió, abril de 2009
Grupo Além do Mito...
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