Avaliação do Grupo Além do Mito sobre o CONDCE
O movimento estudantil da Universidade Federal de Alagoas deu um passo importante no que concerne a sua reconstrução nos últimos dias 12 a 16 de novembro. Durante esta data, delegados de diversos cursos da universidade se reuniram no VI CONDCE e reformularam o problemático estatuto do Diretório Central dos Estudantes. Dando ao mesmo a configuração que acreditavam ser a mais interessante para o momento conturbado em que vive a militância estudantil da Ufal, bem como para a esquerda e os movimentos sociais como um todo.
É praticamente impossível falar em CONDCE sem antes rememorarmos o que foi nos dois últimos anos o movimento estudantil da Ufal. É praticamente incontestável o fato de que vivemos um refluxo do movimento como um todo, as forças políticas de esquerda se encontram hoje – sem exceção – completamente desmobilizadas, indo pouco além de organizar seminários, palestras ou eventos de pouca repercussão política efetiva.
Não vamos aqui procurar um elemento que defina e chegue à raiz desse problema, cabe apenas ressaltar que esse descenso vem sendo compartilhado por todos os grupos que intervém politicamente na universidade, reduz o número de militantes organicamente ativos e atuantes e traz problemas de renovação de quadros para o movimento o que, ás vezes, dificulta a viabilidade de atividades e tarefas candentes e necessárias para o cotidiano do movimento.
Essa desmobilização repercutiu de forma clara e exemplar no processo de tiragem de delegados para o congresso. Praticamente não houve Centro Acadêmico ou grupo de estudantes que conseguiu realizar seu processo eleitoral sem percalços em conseqüência desses problemas que geram na base estudantil uma inevitável apatia política. Lutou-se para atingir quórum nas assembléias ou votações, tentou se mobilizar membros nas comissões eleitorais para viabilizar da forma mais efetiva o processo, lutou-se contra o relógio para conseguir realizar aquilo que em outros tempos fora tão prático e corriqueiro.
No final das contas tivemos um número de delegados inscritos aquém do esperado, se levarmos em conta o número de estudantes que temos nos diversos campi da universidade, e um número menor ainda de delegados participando ativamente da construção do congresso. Muito disto,creditamos a falta de debate político de algumas chapas para com suas respectivas bases. Lógico que não foi um número de delegados que em si fosse capaz de deslegitimar o próprio congresso e o que nele fora aprovado, mas óbvio que, para quem constrói lutas é sempre esperado o número mais elevado possível de participantes.
Apesar destes problemas, não deixamos de avaliar o congresso como um espaço que cumpriu com seu papel e conseguiu indicar um caminho pelo qual vai seguir agora a reconstrução da luta na Ufal, nos colocamos para reformular o estatuto e conseguimos realizar esta tarefa de suma importância. A partir deste momento, então, faz-se necessário nos determos especificamente no papel que desempenhamos no congresso enquanto força política coerente e que vem mantendo em todos esses anos sua coerência e segurança no que diz respeito ao seu projeto político.
Há anos o coletivo de bases Além do Mito vem pautando a atualização do estatuto e a construção de um congresso estatuinte. Este tema trazido a tona pelos militantes do grupo nos diversos espaços em que se fizeram presentes, particularmente nos últimos meses dentro da gestão do DCE e nos últimos CEBs ocorridos. E não é desrespeitar os demais lutadores nem tampouco pura soberba afirmar que o mérito da construção desse congresso cabe em grande parte ao coletivo Além do Mito, única força política que esteve presente integralmente em todo o processo de construção do CONDCE.
Frente a isso, também não podemos deixar de lembrar que houveram forças políticas que colocaram a construção do mesmo em segundo plano, de forma extremamente oportunista, alegando que era necessário realizarmos novas eleições e postergarmos a reformulação do estatuto para um momento indefinido. Felizmente proposta tão danosa aos estudantes da Ufal não foi levada adiante e as forças que a colocaram – a saber, correnteza e Ujs - voltaram as bases para realizar o debate da tiragem de delegados.
Já mencionamos que o número de delegados presentes nas discussões não era condizente com o número de delegados inscritos, mas não podemos deixar de ressaltar que os presentes nas discussões foram estudantes que demonstraram um genuíno interesse pelo debate da reorganização tanto a nível local quanto nacional, participando de GD’s que iam até altas horas e propondo debates em todos os espaços. Foram esses estudantes que reafirmaram o rompimento do DCE frente a reacionária UNE, marcando seu compromisso com a reorganização do movimento em outros marcos mais avançados do que os que geralmente vem sendo colocados. Foram esses estudantes que optaram por um DCE a favor da fusão entre a CONLUTAS e a INTERSINDICAL, a favor da formação de uma nova central sindical, reconhecendo a importância da reorganização do movimento dos trabalhadores. E principalmente, foram esses os estudantes que optaram por um DCE construído através do regime da proporcionalidade para pautar as lutas dentro do movimento, para articular todos os campi da universidade na tentativa de sepultar a letargia que há anos nos assola.
Sem admitir mais nenhuma postergação e optando por decidir naquele precioso momento o que necessitava urgentemente ser feito, os estudantes ali reunidos deram a resposta que julgavam mais interessante para responder a desarticulação que existe entre os estudantes, apostaram
O Além do mito, como grupo autor dessa proposta e como principal força empenhada na viabilização do congresso em seus aspectos estruturais e físicos reconhece o peso que exerceu nessa mudança e não deixa de reconhecer também que foi através dos debates dentro da gestão “amanhã vai ser outro dia” que se construiu o que viria a ser essa proposta formulada pelo grupo, como uma experiência que o DCE merece passar para tentar sanar os problemas que há anos vem vivenciando.
Reafirmamos nosso compromisso com os estudantes da Universidade e garantimos que faremos a autocrítica quando ela se fizer necessária, porém, não nos furtaremos a reconhecer que prosseguimos o debate que nos colocamos desde 2007 e construímos esse congresso com o ardor de quem via nele uma necessidade impossível de ser adiada por mais tempo.
Chamamos novamente a luta a esquerda da Ufal como um todo, para prosseguirmos na luta e no debate das diferenças, criar um movimento estudantil que dê respostas concretas aos estudantes e a educação pública, um chamado inclusive aos grupos que já estiveram ao nosso lado em outros momentos e agora estão afastados da base e da luta concreta, um chamado a um movimento estudantil democrático, orgânico, autônomo e combativo. E socialista.
GRUPO ALÉM DO MITO...